Pegar a mesma condução, todos os dias, no mesmo horário, rende algumas boas histórias.

Os passageiros, que nunca sei os nomes, já se tornam próximos, mesmo que nunca tenhamos trocado meia dúzia de palavras.

As dores e as necessidades individuais se tornam coletivas como a do vendedor de paçoquinha vendendo e pedindo uma ajuda ou da mãe com quatro filhos escadinha se equilibrando com o veículo em movimento.

Eu vou observando tudo, na medida do possível, já que a viagem dura quase duas horas por trecho e tenho uma janela inteira para ver a paisagem mudando com as primeiras chuvas do ano.

O melhor, mesmo, é a gaiatice típica do cearense e ela se amplifica mesmo com o busão lotado.

Daí temos um dilema…

Uma viagem tranquila contando as carnaubeiras ou a descontração e a fuleiragem dentro de um ônibus lotado.

O que você prefere?